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Do luxo ao lixo: Praça dos Imigrantes é esquecida e se transforma em cenário de abandono

Espaço histórico e cultural, que já foi referência em artesanato e turismo, está fechado há mais de dois anos e enfrenta deterioração acelerada

Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, assiste silenciosamente ao fim de um dos seus espaços mais simbólicos da arte e da cultura local: a Praça dos Imigrantes. Localizada entre as ruas Rui Barbosa e dos Imigrantes, no centro da cidade, o espaço está fechado há mais de dois anos, abandonado, em ruínas, tomado por lixo, mau cheiro e ocupado por pessoas em situação de rua. O que antes era um ponto turístico, fonte de renda para dezenas de artesãos e referência da produção artesanal sul-mato-grossense, hoje é sinônimo de descaso e invisibilidade por parte do poder público.

Inaugurada em junho de 2000 com a proposta de valorizar o artesanato regional, a Praça dos Imigrantes abrigava 50 stands e movimentava a economia criativa da cidade. Ali se concentravam peças produzidas com matérias-primas locais — madeira, sementes, cerâmica e fibras vegetais — em um espaço com estrutura adequada, paisagismo, iluminação e sanitários. Em 25 anos de história, tornou-se um patrimônio da cultura campo-grandense, mas foi esquecida e, sem manutenção, foi se deteriorando até ser interditada.

Um espaço que resiste apenas na memória

Para Jane Arguello, presidente do Sindicato dos Artesãos de Campo Grande, a perda do espaço é sentida não apenas por quem trabalhava ali, mas por toda a cidade. “Como alguém acaba com um patrimônio de 25 anos, com 50 famílias que dependiam daquele negócio?”, questiona. Arguello atua há mais de 30 anos como artesã e já expôs suas obras em países como Portugal, Itália e Colômbia. Ela afirma que, apesar de parte dos artesãos ter sido alocada provisoriamente na Morada dos Baís, o espaço é insuficiente para todos e não substitui o que a praça representava. “Era um ponto turístico, todo mundo passava por lá para comprar uma lembrança artesanal, feita com carinho”, lembra.

A situação, para muitos, é revoltante. “A praça está completamente destruída, tomada pelo lixo e pelo mau cheiro. Um espaço que deveria valorizar o trabalho local virou abrigo improvisado e símbolo do abandono cultural”, resume Arguello.

Promessas, incertezas e uma esperança adiada

Apesar da ausência de um plano claro de revitalização, a presidente da Associação da Praça dos Imigrantes (API), Regiane Ribeiro Rosa, aponta que o processo de reforma está em andamento. “Está em fase de licitação. Desde o início, fomos assistidos pela Secretaria de Cultura. Estamos atualmente na Morada dos Baís e, segundo a prefeitura, o museu será reaberto em 28 de agosto de 2025”, informou.

Entretanto, o tempo segue passando e as promessas, adiadas. Leslie Bassi Gaffuri, presidente da União Estadual dos Artesãos de MS (Uneart/MS), acredita que a Praça dos Imigrantes jamais deveria ter sido fechada. “A praça não merece morrer. O poder público não está fazendo sua parte. O que a gente precisa é de atenção e respeito com a cultura”, afirma.

Memória e importância histórica

A região onde está a Praça dos Imigrantes tem registros históricos que datam de 1888, servindo como espaço de encontros, festejos e comércio ainda no século XIX. Durante a gestão do prefeito Marcílio de Oliveira Lima (1955–1959), a área foi urbanizada, e ao longo do tempo passou a homenagear simbolicamente os imigrantes que ajudaram a construir Campo Grande.

Com a virada do século, em 2000, a praça foi revitalizada para se tornar um espaço permanente de exposição e venda de artesanato. Tornou-se símbolo de diversidade cultural e da produção artística regional, valorizando a herança multicultural do estado e impulsionando o turismo urbano.

Hoje, a realidade contrasta com o passado de prosperidade. Com a praça fechada e sem previsão concreta de reabertura, artesãos resistem como podem, muitos vivendo da esperança de retomar seu espaço e recuperar a dignidade de uma atividade que é parte essencial da identidade campo-grandense.

Cultura como prioridade ou retórica?

População exige a reforma e retomada das atividades da Praça dos Imigrantes (Foto: Helio Tinoco)

O abandono da Praça dos Imigrantes escancara uma realidade incômoda: a arte e a cultura seguem fora da lista de prioridades da administração municipal. A atual gestão da prefeita Adriane Lopes (PP) é alvo de críticas não apenas pela omissão em relação à praça, mas também pelo descaso com outros espaços culturais da cidade, como o Horto Florestal, também interditado e sem previsão de reabertura.

Enquanto isso, artistas e a população local seguem oscilando entre a esperança e o lamento. A Praça dos Imigrantes, um símbolo de Campo Grande, pede socorro. E a cidade, que carrega em seu nome a promessa de grandeza, vê seus pilares culturais se desmancharem diante da negligência.

Helio Tinoco

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