Caso pode ter relação com atuação do Primeiro Comando da Capital no tráfico de drogas em Portugal
A PJ (Polícia Judiciária) de Portugal investiga a execução de Rafael Lourenço, 35 anos, ocorrida na via pública da Póvoa de Varzim, cidade turística, no litoral norte do país. Segundo o jornal português Diário de Notícias, ele foi atingido por pelo menos cinco disparos à queima-roupa.
De acordo com a investigação, Lourenço era suspeito de integrar uma facção do PCC (Primeiro Comando da Capital) e era procurado no Brasil por tráfico de entorpecentes, associação criminosa com o tráfico e homicídio. Já havia cumprido pena anterior pelos mesmos crimes. Não há registro de entrada de Lourenço em Portugal, nem solicitação de autorização de residência. As autoridades locais suspeitam que a entrada tenha ocorrido por via terrestre, pela Espanha.
O Departamento de Investigação Criminal da PJ em Portimão, no Algarve, já havia identificado o brasileiro em outro inquérito. O mandado de prisão expedido no Brasil, contudo, não constava no sistema de alertas da Interpol.
Prisão preventiva e histórico criminal no Brasil
Segundo informações divulgadas pelo Diário de Notícias, Rafael Lourenço tinha prisão preventiva decretada no Brasil. Ele seria um dos líderes do grupo criminoso “Fantasmas do Cajuru”, de Curitiba (PR), apontado pelas autoridades brasileiras por homicídios, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. Gonçalves fugiu para Portugal há cerca de dois anos para evitar a prisão e, de acordo com a imprensa portuguesa, vivia em Lisboa. Já estava sinalizado pela polícia local antes do homicídio.
Expansão do PCC em Portugal
O promotor Lincoln Gakyia, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de São Paulo, afirmou que o PCC também recruta cidadãos portugueses. Segundo ele, havia 87 integrantes da facção em Portugal em 2023, quase o dobro do registrado no ano anterior.
Em declarações publicadas nos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S.Paulo, Gakyia disse que a estrutura no país europeu inclui chefes responsáveis pelo tráfico, armas e comunicação com presos. Ele também destacou que as penitenciárias portuguesas não têm sistemas de inteligência para monitorar conversas de detentos.
Prisões e operações relacionadas
Em março de 2025, a Polícia Judiciária (PJ) prendeu na Margem Sul — área ao sul do rio Tejo, na região metropolitana de Lisboa — um suspeito de integrar o PCC, alvo de mandado internacional emitido pelo Brasil. De acordo com a corporação, ele era responsável pela retirada de cocaína de navios em portos portugueses e europeus. Foram apreendidas armas automáticas, dinheiro, veículos e equipamentos de mergulho.
Em julho, uma operação conjunta da Guarda Nacional Republicana (GNR) e da Guarda Civil espanhola prendeu 49 pessoas e apreendeu sete toneladas de haxixe, 650 quilos de cocaína, embarcações, armas e veículos, segundo comunicado oficial da GNR.
Investigação em andamento
A PJ não confirmou a motivação do homicídio de Rafael Lourenço. Uma das hipóteses apuradas é que a morte esteja relacionada a disputas internas ou a operações de tráfico atribuídas ao PCC no norte de Portugal.
Fontes: Diário de Notícias, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, Polícia Judiciária, Guarda Nacional Republicana.
Linha do tempo — Atuação do PCC em Portugal e o caso Rafael Lourenço
2022
Levantamento das autoridades brasileiras indica cerca de 40 integrantes do PCC em Portugal.
O grupo começa a estruturar a atuação no país, incluindo contatos em prisões e logística para entrada de drogas na Europa.
Fonte: Declarações do promotor Lincoln Gakyia ao Diário de Notícias (2023).
2023
O número de integrantes identificados do PCC em Portugal sobe para 87, segundo o Gaeco de São Paulo.
A estrutura passa a incluir chefes responsáveis pelo tráfico (denominada “Sintonia do Progresso”), fornecimento de armas e comunicação com presos.
O promotor Lincoln Gakyia alerta que as penitenciárias portuguesas não contam com sistemas de inteligência para monitorar as comunicações.
Fonte: O Estado de S. Paulo e Folha de S.Paulo (2023).
Março de 2025
Polícia Judiciária (PJ) prende na Margem Sul um suspeito de integrar o PCC, alvo de mandado internacional expedido pelo Brasil.
A investigação aponta que ele organizava a retirada de cocaína de navios nos portos portugueses e europeus.
Foram apreendidas armas automáticas, milhares de euros, veículos e equipamentos de mergulho.
Fonte: Polícia Judiciária — comunicado oficial (2025).
Julho de 2025
Operação conjunta da Guarda Nacional Republicana (GNR) e da Guarda Civil espanhola prende 49 pessoas e apreende 7 toneladas de haxixe, 650 kg de cocaína, embarcações e armas.
Fonte: Guarda Nacional Republicana — comunicado oficial (2025).
11 de agosto de 2025
Rafael Lourenço, 35 anos, é executado com pelo menos cinco tiros em via pública na Póvoa de Varzim, norte de Portugal.
Ele é suspeito de integrar o PCC e de liderar no Brasil o grupo “Fantasmas do Cajuru”, em Curitiba (PR).
Procurado no Brasil por homicídio e outros crimes, vivia em Lisboa há cerca de dois anos.
Não havia registro de entrada nem autorização de residência em Portugal.
Fonte: Diário de Notícias (2025).
Agosto de 2025
A Polícia Judiciária investiga se a execução de Rafael Lourenço está ligada a disputas internas ou a operações de tráfico do PCC no norte do país.