O grupo palestino Hamas anunciou nesta sexta-feira (3) que aceita partes do plano de cessar-fogo apresentado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas ressaltou que alguns pontos exigem novas rodadas de negociações.
De acordo com a Al Jazeera, a resposta oficial do Hamas ao documento de 20 pontos foi entregue poucas horas após Trump dar prazo até domingo para que o grupo se posicionasse sobre a proposta.
Em comunicado, o movimento afirmou que concorda com a libertação de prisioneiros israelenses mediante uma troca, conforme sugerido pelo plano norte-americano. O Hamas também se disse disposto a “entregar a administração da Faixa de Gaza a um corpo palestino independente de tecnocratas, baseado em consenso nacional e com apoio árabe e islâmico”.
No entanto, a organização destacou que questões relacionadas ao futuro de Gaza e aos direitos do povo palestino só podem ser definidas com base em uma “posição nacional unânime” e em conformidade com resoluções internacionais.
Reservas e pontos de tensão
O correspondente da Al Jazeera, Ali Hashem, avaliou que a posição do Hamas abre “uma janela para negociações” nos próximos dias. Segundo ele, o grupo demonstra reservas principalmente em relação à proposta de criação de um órgão internacional de transição, liderado pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, para administrar Gaza no pós-guerra.
O plano de Trump também não prevê mecanismos de reunificação com a Cisjordânia, ocupada por Israel, em direção a um eventual Estado palestino. Essa ausência, segundo analistas, pode reforçar receios de que Gaza seja isolada da causa palestina mais ampla.
Apoio externo e próximos passos
Apesar das ressalvas, o Hamas agradeceu os esforços de mediação de países árabes, islâmicos e da comunidade internacional, além da iniciativa do próprio presidente Trump. “O Hamas demonstrou positividade ao aceitar o espírito do documento. Eles estão prontos para estender a mão, mas querem esclarecer alguns pontos”, disse Hashem.
Agora, segundo analistas, a continuidade das negociações depende da disposição de Washington em flexibilizar sua proposta e do alinhamento entre a posição do Hamas e a de países árabes e islâmicos que já expressaram discordâncias em relação ao plano anunciado pela Casa Branca.
Enquanto isso, a violência segue. Na quinta-feira, dia 2, ataques aéreos israelenses voltaram a atingir a Cidade de Gaza, elevando ainda mais a tensão em um conflito que já dura quase dois anos.