Casos suspeitos em Campo Grande, Ladário, Rio Brilhante e Sidrolândia; autoridades ampliam fiscalização e distribuem antídotos
Cidades de Mato Grosso do Sul — incluindo Campo Grande, Ladário, Rio Brilhante e Sidrolândia — registraram nas últimas semanas casos suspeitos de contaminação por metanol, segundo boletim do Ministério da Saúde. Entre os incidentes está a morte de um jovem de 21 anos ocorrida em Campo Grande, enquanto as investigações seguem em curso para identificar causas e origem das bebidas possivelmente adulteradas.
Casos em Mato Grosso do Sul e investigação sobre a morte do jovem
O Ministério da Saúde informou que dois casos estão sendo apurados na capital, um dos quais envolve o óbito do jovem de 21 anos. Outros casos suspeitos foram notificados em Ladário (a cerca de 427 km da capital), Rio Brilhante (164 km) e Sidrolândia (70 km). Na investigação sobre a morte em Campo Grande, a hipótese é de que o jovem tenha sido intoxicado após consumir whisky e cachaça no final de setembro; as bebidas teriam sido adquiridas em uma conveniência no bairro Jardim Colibri. A Vigilância Sanitária recolheu amostras para análise laboratorial visando detectar presença de metanol.
MPE determina reforço de controles na venda de bebidas alcoólicas
Diante da gravidade dos episódios e do risco à saúde pública, o Ministério Público Estadual (MPE) de Mato Grosso do Sul determinou que bares, restaurantes, conveniências e supermercados reforcem procedimentos de segurança no recebimento e na comercialização de bebidas alcoólicas. Os estabelecimentos receberam prazo de dez dias para adotar medidas como: checagem de sinais de adulteração no ato do recebimento, manutenção de notas fiscais, armazenamento adequado, e gravação e preservação das imagens de câmeras de segurança. Irregularidades devem ser comunicadas à Polícia Civil, à Vigilância Sanitária e ao Ministério da Agricultura.
Operação Metanol: fiscalizações e inspeções em pontos de venda
Em ação integrada da Guarda Civil Metropolitana e Vigilância Sanitária conhecida como Operação Metanol, 12 bares na rua 14 de Julho — região com grande concentração de bares e ambulantes — foram inspecionados; não foram constatadas irregularidades no momento da operação. O MPE alertou que armazenar, expor ou vender mercadorias em más condições configura crime contra as relações de consumo, e que a adulteração de bebidas pode configurar crime grave, com responsabilização criminal dos envolvidos.
Distribuição de antídotos: etanol farmacêutico e fomepizol
O Ministério da Saúde informou o envio inicial de 580 ampolas de etanol farmacêutico — usado como antídoto em intoxicações por metanol — para cinco unidades da federação que solicitaram reforço de estoque: Pernambuco (240), Paraná (100), Bahia (90), Distrito Federal (90) e Mato Grosso do Sul (60). O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, declarou aquisição adicional de 12 mil unidades de etanol farmacêutico e 2,5 mil unidades de fomepizol, outro medicamento essencial no tratamento de intoxicação por metanol. “O Ministério da Saúde atua em tempo real junto às secretarias estaduais e municipais, garantindo o envio dos antídotos e o suporte técnico necessário ao atendimento dos pacientes”, afirmou Padilha.
Sintomas de intoxicação por metanol: quando procurar socorro imediato
Autoridades de saúde reforçam a importância de procurar atendimento médico ao primeiro sinal de intoxicação após consumo de bebida alcoólica suspeita. Os sintomas mais característicos incluem: visão turva ou perda de visão (que pode evoluir para cegueira), náuseas, vômitos, dores abdominais, sudorese e mal-estar geral. O diagnóstico e o tratamento precoces — com administração de etanol farmacêutico ou fomepizol e suporte médico — aumentam as chances de recuperação.
Panorama nacional: números e estados afetados
Segundo levantamento do Ministério da Saúde, há 16 casos confirmados e 209 em investigação em todo o país. São Paulo concentra a maior parte das notificações: 192 registros (14 confirmados e 178 em investigação). Ao todo, 13 estados notificaram casos suspeitos ou confirmados, entre eles Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pernambuco, Paraná, Rondônia, São Paulo, Piauí, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Paraíba. Bahia e Espírito Santo chegaram a notificar, mas tiveram suspeitas descartadas.
O que é metanol e por que é usado na adulteração de bebidas
O metanol (álcool metílico) é um solvente industrial e combustível, tóxico ao ser ingerido. No organismo, o fígado converte o metanol em ácido fórmico, substância que provoca danos ao sistema nervoso central, podendo causar cegueira, lesões neurológicas e morte. O uso de metanol em bebidas adulteradas está ligado ao baixo custo do composto em relação ao etanol, o que leva falsificadores a utilizá-lo para aumentar margens de lucro — prática extremamente perigosa e criminosa.
Orientações à população e próximos passos das autoridades
As secretarias de saúde e as vigilâncias sanitárias municipais e estaduais seguem monitorando notificações e analisando amostras de bebidas coletadas. Consumidores são orientados a evitar produtos sem procedência comprovada, conferir origem e notas fiscais, e procurar atendimento médico em caso de sintomas após consumo. As investigações policiais e sanitárias visam identificar e responsabilizar os pontos de adulteração, interromper a circulação dos lotes suspeitos e proteger a população.