Linhas de crédito específicas com juros reduzidos, cursos gratuitos de capacitação e garantia de participação em políticas públicas foram as principais demandas apontadas na Conferência Livre “Mulheres no centro – democracia econômica, empreendedorismo e direitos”, realizada em 11 de agosto de 2025, em Brasília, de forma presencial e online. As propostas serão encaminhadas para a 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, marcada para 29 de setembro a 1º de outubro na mesma cidade.
Raquel Ribeiro, coordenadora-geral de Gestão de Empreendedorismo do Ministério do Empreendedorismo, destacou que muitas mulheres empreendem por necessidade e precisam de políticas públicas que ofereçam acesso a crédito, educação empreendedora, formalização de negócios e rede de apoio, incluindo cuidados sociais como creche, segurança e saúde. No Brasil, há mais de 10 milhões de mulheres empreendedoras, das quais 70% são mães, com faturamento médio de cerca de R$ 2 mil mensais.
Durante o encontro, foi debatida a necessidade de facilitar o acesso ao crédito para mulheres que iniciam ou mantêm negócios. Dora Gomes, líder do Comitê de Igualdade Racial do Grupo Mulheres do Brasil, afirmou que o risco social deve ser considerado pelas instituições financeiras, pois muitas empreendedoras não atendem aos critérios dos grandes bancos. Ela ressaltou a importância de incluir mulheres negras, periféricas, quilombolas e indígenas em conselhos consultivos para representar esses grupos nas decisões.
Deise Rosas, do Instituto Reafro, apontou avanços no empreendedorismo feminino, mas destacou a necessidade de garantir a continuidade de políticas como o programa Elas Empreendem.
As prioridades definidas no evento incluem: acesso ao crédito com juros reduzidos e análise que considere garantias alternativas; capacitação com cursos gratuitos, mentorias e consultorias; e inclusão de mulheres negras, indígenas, com deficiência, mães solo e residentes em áreas periféricas e rurais, com participação em conselhos e programas específicos para esses grupos.
Simone Schaffer, coordenadora-geral de Promoção da Igualdade Econômica das Mulheres do Ministério das Mulheres, afirmou que o acesso ao crédito ainda é um desafio, principalmente para mulheres em situação de vulnerabilidade, que não conseguem cumprir as exigências tradicionais de garantia.
A 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres busca formular políticas públicas para igualdade de gênero e direitos femininos. Até o momento, foram realizadas conferências livres, municipais e regionais, com etapas estaduais e distritais previstas até agosto.