Parque histórico está abandonado e interditado, privando população de espaço vital de lazer, cultura e meio ambiente
Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, enfrenta uma grave perda no coração da cidade: o fechamento prolongado e o abandono do Parque Florestal Antônio de Albuquerque, conhecido popularmente como Horto Florestal. O espaço, que por décadas foi um dos principais pontos de lazer, cultura e convívio da população, encontra-se atualmente interditado, sem qualquer sinal de revitalização por parte do poder público.
Com a vegetação descontrolada, banheiros destruídos, bancos e pistas em ruínas e a ausência de manutenção adequada, o Horto reflete o descaso que se acumulou ao longo de diversas gestões municipais. A situação se agravou nos últimos anos, culminando no fechamento do local, sob a gestão da prefeita Adriane Lopes (PP), que ainda não apresentou prazos nem projetos concretos para a reabertura do espaço.
Pressão popular e articulação política
Diante da deterioração do Horto, setores da sociedade civil, imprensa e parlamentares têm se mobilizado para exigir ações do Executivo municipal. À frente dessa luta está a vereadora Luíza Ribeiro (PT), que denuncia a falta de recursos destinados à revitalização e afirma que as tratativas com a atual gestão não têm avançado.
“Desde que a prefeita assumiu, o Horto foi se perdendo. Hoje, está fechado, sem previsão de reabertura. É um espaço fundamental para o lazer das famílias, para a cultura e para o meio ambiente urbano”, afirma Luíza. A parlamentar defende que a Prefeitura una esforços com a Câmara Municipal, governo federal e iniciativa privada para reconstruir o local. Ela destaca ainda que emendas parlamentares destinadas à obra perderam validade por falta de contrapartida da administração municipal.
Além do Horto, outros espaços importantes para o lazer e cultura da capital, como a Praça dos Imigrantes, também enfrentam abandono, gerando ainda mais críticas à atual gestão.

Um oásis no centro da Cidade Morena
Criado oficialmente na década de 1920 no local onde antes funcionava um matadouro municipal, o Parque Florestal Antônio de Albuquerque tem raízes que remontam à fundação da cidade, em 1872. Com o tempo, o espaço foi se transformando em um dos pontos verdes mais emblemáticos de Campo Grande, situado entre os córregos Segredo e Prosa e entre as avenidas Ernesto Geisel e Fernando Correa da Costa.
A área ganhou status de Horto Florestal na década de 1950, em homenagem a Antônio de Albuquerque, funcionário da prefeitura que cuidava do parque. Ao longo do século XX, o local recebeu importantes investimentos: pista de cooper, biblioteca, teatro de arena, orquidário, playground, lanchonete, quadras e espaços para shows, rodas culturais e práticas esportivas.
Mais do que um parque, o Horto era um espaço de encontro, cultura e lazer em pleno centro urbano. “Era uma ilha de frescor no meio do concreto”, lembra Luíza Ribeiro. “Era onde as crianças brincavam, onde os atletas corriam, onde a cultura local florescia.”
Faltam perspectiva e envolvimento com reabertura do Horto Florestal
Apesar da pressão popular e política, a situação permanece sem solução à vista. A vereadora anunciou que buscará apoio de parlamentares federais como a deputada Camila Jara (PT) para captar recursos, mas esbarra na lentidão da gestão municipal e em entraves burocráticos que travam as licitações.
Enquanto isso, Campo Grande perde um de seus principais cartões-postais. A ausência do Horto também afeta o turismo local, já que o parque está localizado próximo à maior rede hoteleira do estado.
A mobilização continua. A parlamentar pede o apoio da sociedade civil para pressionar a prefeitura e contribuir com sugestões. “Mesmo que não esteja 100%, se pudermos reabrir com o básico — biblioteca, pista de caminhada e área de lazer — já será um avanço.”
Em uma cidade cada vez mais tomada por concreto e calor, o Horto Florestal representa mais do que saudade: é uma urgência ambiental, cultural e social.