Agência Brasil
À frente de um orçamento subscrito de US$ 50 bilhões (e capacidade para chegar a US$ 200 bilhões), a ex-presidente Dilma Rousseff ocupa, desde março de 2023, a presidência do NDB (sigla em inglês para Novo Banco de Desenvolvimento) dos Brics (acrônimo para a parceria formada por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
A permanência de Dilma à frente do NDB estava prevista, em princípio, até 2025, mas, por sugestão do presidente da Rússia, Vladimir Putin, a gestão da brasileira foi estendida por mais cinco anos. Foi o desempenho à frente da instituição financeira o motivador da decisão de Putin e revela uma volta por cima na trajetória política da ex-presidente, eleita pela maioria de votos em 2014, mas afastada da Presidência do Brasil após um golpe jurídico-parlamentar.
Entre os elementos que pesaram na decisão para a escolha de Dilma como gestora do NDB e aceitação por parte dos integrantes dos Brics esteve a sua atuação à frente da Presidência do Brasil. Conforme a nota do NDB, divulgada em 24 de março de 2023, a gestão da ex-presidente foi marcada pela prioridade à luta contra a pobreza, a busca pela estabilidade econômica, a criação de empregos, a defesa do multilateralismo, o desenvolvimento sustentável, a garantia dos direitos humanos e a paz.
O currículo da ex-presidente ajudou a tranquilizar os integrantes dos Brics diante do desafio de ampliar a inserção internacional de um banco que tem entre os proprietários a Rússia, alvo de múltiplas retaliações ocidentais.
Criado durante a VI Cúpula do BRICS, em Fortaleza (2014), o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) é um banco multilateral que mobiliza recursos para financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em países emergentes. Com sede em Xangai e escritórios em São Paulo e Gujarat (Índia), o NDB surgiu para suprir lacunas deixadas por instituições financeiras tradicionais, como o Banco Mundial, e atender à crescente demanda por crédito internacional para o desenvolvimento.
O banco foi fundado com um capital autorizado de US$ 100 bilhões, dos quais US$ 52,7 bilhões já foram integralizados. Até o momento, o NDB aprovou 96 projetos, com financiamento total de
US$ 32,8 bilhões. Sua governança é composta por um Conselho de Governadores, formado pelos ministérios das finanças dos países membros. A presidência é rotativa entre os membros do BRICS, com mandatos de cinco anos. Desde 2023, a ex-presidente Dilma Rousseff comanda o banco, com término previsto para julho de 2025. Além dos cinco países fundadores (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o NDB expandiu sua membresia, admitindo Bangladesh, Emirados Árabes Unidos e Egito entre 2021 e 2023. Uruguai e Argélia estão em processo de adesão. A entrada de novos membros no BRICS não garante automaticamente a participação no NDB, que segue critérios específicos definidos em seu acordo constitutivo.
No Brasil, o NDB financia projetos estratégicos em áreas como infraestrutura sustentável, mobilidade urbana, adaptação às mudanças climáticas, saneamento básico e energia renovável, com uma carteira ativa de cerca de US$ 5 bilhões. Essas iniciativas reforçam o compromisso do banco com o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade.
O NDB representa um marco na cooperação financeira entre países emergentes, oferecendo uma alternativa às instituições tradicionais e promovendo um modelo de desenvolvimento mais inclusivo e alinhado às necessidades do “sul global”. Para saber mais, visite: www.ndb.int
Fonte: www.brics.br