A heterossexualidade e sua fragilidade neste ¼ de século
Leitores, inicio essa coluna deixando claro que meus textos aqui nesse espaço não são acadêmicos, são reflexões que faço no meu dia a dia observando pessoas, postagens, conversas, comportamentos, imagens, enfim… feito uma crônica, um papo descontraído com você que está diante desse texto.
Escrevo sobre o que percebo em vida e sociedade, a partir do que minha sensibilidade (sarcástica e crítica/risos) carrega. Ouço, leio e assisto nesse buraco virtual sem fim, o qual é a internet, e então me proponho a refletir com você. Logo, não preciso recorrer a escritos científicos que ratifiquem, referendam ou corroboram com minhas impressões sobre homem, espécie humana e homem, gênero em sociedade.
Uma vez que essa coluna se chama Lado G, não me cabe escrever sobre meio ambiente, mas sobre o universo dessa diversidade LGBTQIA+ e quem mais chegar, ainda que na resistência e negação. A partir de agora, estarei falando, ops! Escrevendo sobre essa fatia que cabe na sigla, está numa dessas letras, ou no sinal de “mais”, porém se recusa a chegar, apesar de tudo, e ainda pratica homofobia, transfobia, e toda a “sucata que constrói o glossário do preconceito”.
Tenho observado bastante, entre conversas com membros da comunidade gay, principalmente, o surgimento discreto de uma homossexualidade paralela à existente. Uma espécie de “blend sexual”, de “sexualidade fluida”, “new flex”, oscilante, porém, resumidamente covarde, preconceituosa e perigosa para o movimento e o combate e debate ao preconceito sempre tão pulsante no Brasil, no mundo.
Essa nova HOMOSSEXUALIDADE vem crescendo disfarçada de brincadeira entre héteros que desejam “zoar” o universo gay ou ridicularizar um “viado”, termo comum no glossário caótico da homofobia que é recorrente e reincidente.
Essa “new sexuality” (risos), que está representada por homens que se posicionam e autodeclaram varões da heterossexualidade, traz um enorme prejuízo, porque eles estão colocando a homossexualidade existente digna e cidadã, que não é doença (reconhecida pela OMS), num lugar cada vez menor e inferior, enquanto a pretexto de estarem brincando ou proferindo uma fé, desfrutam do mesmo prazer que um homossexual, porém reforçam pesadamente o preconceito, criando cada vez mais exclusão e diminuição à comunidade, ao debate e às conquistas, para que atrás da cortina de fumaça de uma família, e um dito macho, possam então, se deleitar na alcova da sodomia e portem entre si, como pederastas disfarçados de homens que se autodeclaram como cidadãos do bem, cristãos da família tradicional mundial, nesse caso não apenas a brasileira, na luta contra a estúpida ideia, criada por eles, da ideologia de gênero.
Até os termos que eles usam entre si já ecoam nos APPs da chamada “pegação gay”, onde se apresentam com o codinome “sigiloso”, “sigilo”, “macho quer macho”, “hétero tradicional”, “casado sem LCL”, “HxH” e por aí. Se o candidato a um momento de prazer não for também casado, sigiloso na busca de sexo ou “brotheragem” (ato íntimo entre homens sem penetração), é taxado de “viadinho”, então bloqueado e agredido virtualmente. Escrevo essas palavras porque já fiz a experiência como “hétero” (risos) e como homossexual assumido. Como Sigiloso, pai de filhos, casado e varão, fui acolhido pelos demais, porém, quando me apresentei como “viado”, fui sumariamente atacado e bloqueado (risos).
Entre as mais variadas imagens que revelam e expressam claramente essa sexualidade fluida, está um célebre vídeo de um determinado cantor apalpando as partes íntimas de outro homem, em cima de um palco diante de milhares de fãs.
Seguindo pesquisando na net, teremos também o vídeo de um desconhecido beijando outro homem na boca durante uma festa, onde o hétero se desculpa do ocorrido, dizendo “sempre fui homem, foi um equívoco”, como se homossexualidade fosse algo nocivo e repulsivo.
Diante dessa recorrência, venho sugerir aos mestrandos e doutorandos que estão no campo da pesquisa acadêmica a realizarem um estudo no campo da sociedade, do comportamento, da sexualidade, da psicologia, sobre esse novo homossexual, que eu chamo pelo neologismo de “Homohetrossexualidade”, a qual não vejo como orientação sexual, mas sim, como uma enorme desorientação e demência.
Esclareço que; demência e desorientação, atribuo a esses “héteros” que praticam homossexualidade, mas atacam a comunidade derramando toda homofobia, como recentemente fez um líder religioso durante uma investigação nas ruas de uma cidade.
Desde sempre e há séculos, homossexuais se matam, foram queimados, são ridicularizados, espancados, e ainda o são, por tentarem se impor como cidadãos, com o direito total de ir e vir e, inclusive, o de ter prazer sem dever nada a ninguém. Sujeitos que se escondem numa família, com o apoio de inocentes mulheres, se reúnem para gozar de tudo que os viados, como eles atribuem, realizam.
Mas esses homens que se apresentam como héteros em alguns casos se escondem num templo cristão, e promovem reuniões exclusivas para “machos” onde sabemos lá o que acontece, ou até sabemos, mas “cala-te boca, tem pai que é cego,” como o personagem Tavares, de Jô Soares, 1982/Viva o Gordo. Ou em Chico Anysio, e Paoletti (1986) – Chico Anysio Show, com a eterna frase, “Luana, volta para o reduto”.