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Todas são alvo de sistema que naturaliza e justifica violência contra mulher

Mato Grosso do Sul está no topo dos estados brasileiros hostis às mulheres e, por essas terras, a violência de gênero é de extensão democrática, ou seja, todas sofrem, independente da condição social, financeira e crença religiosa. Também não escapou dela a jornalista Ida Garcia, a quem o dever de ofício impõe os relatos sobre mulheres agredidas.

Ida está entre as jornalistas mais respeitadas do Estado e quase teve a vida ceifada pelo efeito da ira de um ex-namorado. A cena trágica ficou gravada em um vídeo de difícil descrição, marcado pelo rastro do sangue dele, que foi deixado pela sala, banheiro e quarto,após ferir-se propositalmente durante um ataque de fúria. “Na época, alguns sites e emissoras noticiaram o caso de forma discreta. Fiquei afastada da TV por 40 dias, pois o trauma foi enorme. Meu agressor invadiu minha casa e ia me matar. Se eu não tivesse conseguido fugir, hoje seria mais um número na estatística do feminicídio”.

Foi preciso driblar a dificuldade de exposição e publicar o vídeo no Instagram como um alerta. A decisão de tornar público o assunto veio a partir do destino de uma colega de profissão que não teve a mesma sorte. “No momento em que ocorreu, não tornei público o que aconteceu comigo. Mas quando vi o caso da Vanessa Ricarte, senti que precisava falar. O crime brutal que tirou a vida dela reacendeu minhas próprias feridas e percebi que meu silêncio não ajudaria outras mulheres. Resolvi expor minha história para alertar, para dizer que qualquer mulher pode ser vítima, mas que há saída. Minha mensagem é para que nenhuma mulher se sinta sozinha. A luta pela sobrevivência é difícil, mas é necessária”.

“No momento em que ocorreu, não tornei público o que aconteceu comigo. Mas quando vi o caso da Vanessa Ricarte, senti que precisava falar. O crime brutal que tirou a vida dela reacendeu minhas próprias feridas e percebi que meu silêncio não ajudaria outras mulheres”

Ida empresta simpatia aos relatos do cotidiano, mas ao falar sobre Vanessa, foi invadida por empatia e tomou a decisão de publicar vídeo como um alerta para o fato de que a violência alcança a todas, independente do lugar que ocupam.

Além de Vanessa, seis mulheres tiveram a vida ceifada apenas em 2025, em Mato Grosso do Sul. A maioria perdeu a vida nas mãos de companheiros ou pessoas próximas. No caso da jornalista, foi um ex-noivo que a esfaqueou no peito três vezes, dentro da casa dela, apenas horas depois de ter solicitado medida protetiva na Casa da Mulher Brasileira.

O agressor de Vanessa foi preso e assim permanece. Em meio à onda de comoção, até mesmo o governador, Eduardo Riedel (PSDB), exigiu um basta à matança de mulheres em Mato Grosso do Sul. Entre as pessoas a registrar o destino de Vanessa esteve Ida Garcia que, por alguns metros, também teria virado um dado nos gráficos sobre feminicídio no Estado. Pela trajetória jornalística, não foram raros os casos de feminicídio que precisou relatar. E, mesmo tendo acesso a todo tipo de informação sobre violência psicológica, doméstica e patrimonial, Ida foi mais uma vítima. Dessa vez, não bastava apenas o relato e expor a própria história tornou-se um pedido também de políticas públicas mais eficazes. “Precisamos de mais políticas públicas, mas também de um apoio genuíno entre nós. Se uma mulher encoraja outra a sair de uma relação tóxica, já estamos mudando essa realidade. E acima de tudo: que nenhuma mulher duvide do seu valor. O amor-próprio é o primeiro passo para romper esse ciclo”, explica.

Ida Garcia diz que vê de perto o impacto devastador da violência contra meninas e mulheres em Mato Grosso do Sul. “Nosso Estado está entre os que mais registram feminicídios, e por trás de cada número há uma vida interrompida. Falar sobre isso é urgente. Precisamos de políticas públicas mais eficazes, uma rede de apoio mais acessível e, acima de tudo, uma mudança cultural. A violência de gênero nasce do machismo e só será combatida quando educarmos nossas crianças para o respeito. Nenhuma mulher deve se sentir desamparada ao pedir ajuda”.

Renata Volpe

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“Para destruir uma nação, você deve começar matando seus filhos.”

Adolf Eichmann, principal responsável pela implementação da “Solução Final” — o plano de exterminar os judeus durante a Segunda Guerra Mundial

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